ARCADISMO- POEMAS ANÁLISES

CLÁUDIO MANUEL DA COSTA


SONETOS

I
Para cantar de amor tenros cuidados,
Tomo entre vós, ó montes, o instrumento;
Ouvi pois o meu fúnebre lamento;
Se é, que de compaixão sois animados:

Já vós vistes, que aos ecos magoados
Do trácio Orfeu parava o mesmo vento;
Da lira de Anfião ao doce acento
Se viram os rochedos abalados.

Bem sei, que de outros gênios o Destino,
Para cingir de Apolo a verde rama,
Lhes influiu na lira estro divino:

O canto, pois, que a minha voz derrama,
Porque ao menos o entoa um peregrino,
Se faz digno entre vós também de fama. 



Primeira estrofe: o interlocutor do eu-lírico são os montes de sua terra. Aqui ele pede a sua atenção para que ouçam o seu lamento.

Segunda estrofe: Uma característica árcade é a retomada dos elementos da cultura clássica. Aqui o eu-lírico cita Orfeu e Afião. 
De acordo com a mitologia, Orfeu, com a sua canção, permitiu que fosse ao  Hades para buscar sua amada esposa Eurídice,com a condição de não olhar para trás antes de sair. Não consegue cumprir a promessa e ao olhar perde sua amada, petrificando-a, por isso diz: 
Já vós vistes, que aos ecos magoados
Do trácio Orfeu parava o mesmo vento;

Ao se referir a Anfião com sua lira, ainda na segunda estrofe, o eu-lírico faz referência ao filho de Zeus que funfou a cidade de Tebas com sua lira, por isso os versos:

Da lira de Anfião ao doce acento
 se viram os rochedos abalados."  

Terceira  estrofe: Mais uma referência a um deus grego, Apolo, quem deu a lira para Anfião.

Quarta estrofe: O  eu-lírico se faz ouvir.

Características árcades no poema: Além dos elementos da cultura clássica, a natureza como lugar tranquilo é apresentada.


II
Leia a posteridade, ó pátrio Rio,
Em meus versos teu nome celebrado;
Por que vejas uma hora despertado
O sono vil do esquecimento frio:

Não vês nas tuas margens o sombrio,
Fresco assento de um álamo copado;
Não vês ninfa cantar, pastar o gado
Na tarde clara do calmoso estio.

Turvo banhando as pálidas areias
Nas porções do riquíssimo tesouro
O vasto campo da ambição recreias.

Que de seus raios o planeta louro
Enriquecendo o influxo em tuas veias,
Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.




Análise: A paisagem é descrita com detalhes, o rio é o elemento principal desse poema. O eu-lírico denuncia sua degradação pela exploração do ouro.  


TOMÁS ANTONIO GONZAGA

Lira I

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela
(...)

Análise: Apaixonado por Marília o eu-lírico, Dirceu, nega para ela que é um pastor do campo ( não sou algum vaqueiro). Apresenta a juventude e a beleza de Marília e compara seus dotes intelectuais com os outros pastores para provocar inveja. Mostra que o seu amor por Marília é maior que seus bens.



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