O HERÓI NA LITERATURA
Para compreender melhor as origens do herói, precisamos retomar alguns
fatos da Grécia Antiga. Os devotos do deus Dionísio, após a dança
vertiginosa caíam desfalecidos. Acreditavam que saiam de si, pelo processo do
êxtase.
Esse estado de êxtase significava um mergulho em Dionísio, um adorador
do entusiasmo. O homem comum, em êxtase e entusiasmo comungava com a
imortalidade, tornando-se um herói, pois ultrapassava o métron,
a non mesures, a medida de cada um. Surgiam assim os heróis
gregos.
Esses heróis ultrapassavam todos os limites que lhe eram impostos, sempre com valentia, ética e extremo senso de justiça, pensando sempre no bem comum. São, ainda, poderosos, fortes, corajosos e predestinados a cumprir uma determinada missão. As narrativas da Grécia Antiga estão repletas de heróis gregos.
Esses heróis apesar de vencerem todos os obstáculos, apresentam alguns
defeitos humanos. Odisseu, o herói de Odisseia, apesar de astuto era arrogante,
a ponto de não temer o deus Poseidon. Por isso, vagou por 20 anos no mar antes
de voltar para seu lar em Ítaca.
Além de Odisseu ( Ulísses) destacamos Aquiles, que participou do cerco
da cidade de Troia, ajudando na vitória grega. Temos ainda Hércules, Teseu,
Agamenon, Perseu, Ajax dentre outros.
Esses heróis darão origem aos heróis medievais que
surgiram nos romances de cavalaria medievais (época áurea do cristianismo =
“Rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda”) e chegaram às obras do
Romantismo no século XIX. Eles também estão acima dos homens comuns, mas abaixo
dos deuses. São fortes, corajosos, íntegros e valentes.
Se por um lado temos esses heróis, por outro temos os heróis picarescos ou anti-heróis, que NÃO são os vilões. Os anti-heróis ou heróis pícaros surgem no romance picaresco:
"O romance picaresco nasceu como paródia das
idealizadoras narrações do Renascimento: epopeias, romances de cavalaria,romance sentimental, romance pastoril... O
contraste com a realidade social gerou, como resposta irônica, os chamados
"anti-romances", de caráter anti-heroico, protagonizados por
anti-cavalheiros que amavam anti-damas, mostrando o sórdido da realidade
social: os fidalgos empobrecidos, os miseráveis deserdados e os
conversos marginalizados frente de cavalheiros e burgueses enriquecidos que
viviam em outra realidade."(
https://pt.wikipedia.org/wiki/Romance_picaresco)
O herói picaresco é o "gente boa que vacila", são
marginalizados mas têm seu lado generoso e bom. Como exemplo temos desde o
personagem dos quadrinhos Cebolinha, o Máskara e na literatura brasileira Leonardinho
Pataca, de Memórias de Um Sargento de Milícias.
O herói problemático , por sua vez , é o mais humano de todos. Ele se
sente, muitas vezes, moralmente abaixo dos homens comuns, vive num mundo
capitalista e sofre com a diferença de classes e os valores dúbios da
sociedade, expondo fraquezas e contradições.
A partir da Realismo, principalmente, que começa a ter maior presença na literatura a figura do herói problemático, o tipo de herói que predomina a partir do final do século XIX.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário.